Esse lixo é um luxo

Utilizando resíduos sólidos recolhidos na praia, moradoras de Ajuruteua apostam no aprendizado de artesanato, atividade que, em breve, agregará valores ao orçamento familiar, além de servir como higiene mental para essas mulheres de pescadores. “Agora, nosso almoço pronto antes das nove horas da manhã pra gente poder chegar a tempo do início das aulas. Nós podemos dizer que nossa vida mudou com a chegada desse projeto aqui no Bonifácio. Além de aprender um ofício, a gente passou a ter uma atividade social digna, na qual trocamos idéias, compartilhamos nossas dificuldades e alegrias, o que para nós não existia antes”, revelou a estudante e dona de casa, Andréa Melo, uma das 15 mulheres que participam do projeto, se referindo às oficinas de artesanatos produzidos com material reciclado, as quais estão sendo realizadas na Vila do Bonifácio, em Ajuruteua, pelo arquiteto Antônio Segtowich, que é conhecido no circuito cultural pelo nome artístico Xé. A primeira etapa do projeto destinado à produção de artesanato com matérias catadas na areia se estenderá até setembro, entretanto, o primeiro mês de atividade já serviu para as participantes assimilarem o tópico inicial da proposta, que consiste na criação de produtos relacionados ao cotidiano da praia, e, sobretudo, para que elas se descubram como artesãs, passando a ter direcionamento a partir de conhecimentos adquiridos ao longo da capacitação. Entretanto, o entusiasmo foi tamanho, que o orientador da turma, adiantou o processo, em decorrência de outra circunstância inadiável: as férias escolares, em julho. “Como as participantes estão empolgadíssimas, em franca produção, e a temporada de verão começa daqui há menos de três meses, demos início às peças que serão comercializadas em julho, pois para isso precisamos ter estoque para atender a demanda”, justificou Xé. ESTÉTICA – “Uma coisa ficou bem clara desde o início: o que for produzido aqui terá ser com a cara de Ajuruteua”. Foi com este mote que o orientador começou sensibilizar as participantes para o que iriam fazer com os pedaços de pano, papel, plástico, isopor, cascas de pau, fios de nylon, e outros cacarecos que acharam pelo chão e levaram para a sala de oficinas. “Saber o que fazer e que resultado atingir é o primeiro passo para a confecção, e uma vez, sem nexo, tudo estará perdido. Não faria sentido, um artesanato de sem as características daqui. Jamais poderia, então, ser um souvenir de Ajuruteua. Para ser lembrança, tem que está associado á lugar e, por isso, fazer lembrar ”, explicou o arquiteto, enquanto mostrava peças em forma de barcos, peixes, garças, guarás, mangue e outros elementos intrinsicamente ligados à praia. APOIO - A deputada Simone Morgado, que foi a primeira incentivadora do projeto que posteriormente também passou a contar com o apoio da Constrular,  visitou o espaço, onde o arquiteto reúne de segunda à sexta-feira com as mulheres da Vila do Bonifácio, para constatar os resultados dos primeiros investimentos e ficando muito satisfeita com o que viu, foi presenteada com uma peça que ficará no gabinete da parlamentar, juntamente com artesanato de outros lugares do Estado. “Trata-se de uma conjunção de virtudes num só projeto: a limpeza da praia, a partir da catação dos resíduos; a capacitação que vai gerar recursos financeiros e posteriormente tradição cultural do lugar; e ainda integração e organização social que a mola mestra para o desenvolvimento da comunidade. E o que é melhor ainda, estar sendo realizada por um apaixonado por Ajuruteua, que veio desempenhar este trabalho por opção própria, porque tem uma afinidade especial com esta praia de os anos 80, quando começou a frequentar aqui, ficando hospedado na casa de nosso querido amigo Tió”, argumentou Simone, referindo-se ao arquiteto. Lidiane Melo já está pensando em quando entrar setembro, mês de enceramento desta primeira etapa, que para a dona de casa em vias de se tornar também artesã, foi uma descoberta incomparável, a qual ela não quer interromper, tamanha a afinidade com a sistematização do aprendizado experimentado por ela. “Estamos nos organizando, porque, quando esta etapa das oficinas de artesanato for concluída, queremos que haja um curso de culinária e assim seguiremos aprendemos coisas que nunca pensamos que fôssemos ter acesso aqui no Bonifácio”, concluiu Lidiane. 


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